Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar –sozinho, à noite– Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que disfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.
O Romantismo (com R maiúsculo) é a escola literária que prevaleceu no Brasil durante boa parte do século XIX. Teve seu início com a publicação de Suspiros poéticos e saudades de Gonçalves de Magalhães em 1836, que marcou a nossa primeira geração romântica, também conhecida como geração indianista, nacionalista ou ufanista.
Baseado nos moldes europeus, que exaltavam os feitos de cavalaria e eram escritos para a classe burguesa emergente, o Romantismo brasileiro pelo motivo de não termos tido a era medieval e nem os cavaleiros e guerreiros, exaltava o índio e a nossa natureza. O poeta Gonçalves Dias eternizou-se na canção do exílio na qual o eu-lírico, longe do Brasil, narrava as nossas belezas com saudade.
As principais propostas do movimento eram o rompimento com os moldes clássicos, a valorização da subjetividade, o não culto à forma, a exaltação da natureza e dos heróis nacionais (no nosso caso o índio), e a exacerbação dos sentimentos tais como amor, saudade, desejo de fuga e morte. O melancolismo romântico ficou evidente sobretudo na segunda geração, também conhecida como Geração ultra-romântica, Byronismo, mal do século, e satanismo.
Íntima e diretamente atrelada à monarquia, teve seu impulso devido à chegada da família real portuguesa ao Brasil em 1808 que trouxe consigo além do "desenvolvimento" para a nação, a cultura européia. Além disso era comum na época que os intelectuais e os jovens estudantes morassem um tempo na Europa e lá mantivessem contato com os movimentos artísticos em voga, o que justifica o relativo atraso de tais propostas começarem tardiamente no Brasil.
Em se tratando da Segunda Geração Romantica, tivemos como maior representante o poeta Álvares de Azevedo que escrevia poesias e prosas tanto de valor idealizável quanto melancólico. A Lira dos vinte anos, Macário e Noite na Taverna são os exemplos do grande devaneio romântico, causando inclusive estranheza aos leitores acostumados às literaturas que exaltavam a vida e o belo. No último livro, por exemplo, encontramos explícitos casos de necrofilia, orgias e horror, fortemente influenciados pelos escritos do poeta inglês Lord Byron.
É válido ressaltar que mesmo com as propostas definidas para o Romantismo, nossos poetas não conseguiram se desvencilhar completamente das escolas anteriores e nem da influência européia, por isso, mesmo pregando o valor aos versos brancos (sem rima), encontramos sonetos e redondilhas o que denotava que nossos poetas ainda se preocupavam com a forma, o que não era característica própria do movimento.
A terceira e última geração, também chamada Condoreirismo esteve atrelada ao enganjamento social abolicionista, no qual destacou-se Castro Alves narrando o sofrimento dos escravos em Navio Negreiro e Espumas Flutuantes. A geração teve o marco final com a publicação de Memórias póstumas de Brás Cubas, em 1888, do escritor Machado de Assis. O livro foi considerado o divisor de águas entre o Romantismo e o Realismo/Naturalismo. Machado teve em seus primeiros romances a fase românticas com as publicações de Helena e A mão e a luva, dentre outros, mas com Brás Cubas e o realismo é que atingiu a sua fase de maturidade.
Texto de: Carlos Henrique Teixeira
Segue Abaixo um vídeo muito interessante sobre o Romantismo. Apesar de bem antigo, o que poderia desinteressar os estudantes, recomendo pois aborda de maneira dinâmica e sintetizada os ideais da escola literária: