sábado, 6 de outubro de 2012

Augusto dos Anjos



Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (1884-1914) foi um dos mais significativos e polêmicos dos poetas brasileiros. Possuidor de uma poesia bastarda, não há uma definição exata de uma escola literária a qual pertença. Alguns consideram-no simbolista devido à sua primeira fase. Outros enquadraram-no parnasiano pois a preocupação estética era sempre milimetricamente calculada, dando preferência aos versos decassílabos. Pré-Modernista foi outra classificação que recebeu em virtude de sua temática incomum. A verdade é que a poética de Augusto não teve precedentes; sua escola era própria. Haviam sim, outros poetas naturalistas, mas estes não conseguiram aliar lirismo e cientificismo como Augusto o fez. Seu único livro, o "EU", foi o bastante para garantir-lhe um lugar entre os cânones da nossa literatura.
Nasceu no engenho do Pau D'arco, na Paraíba. Filho de Alexandre Rodrigues dos Anjos e Córdula de Carvalho Rodrigues dos Anjos. O engenho onde nasceu  será tema constante nos versos do poeta, bem como a tristeza que lhe sobreveio com a morte do pai.

Mas o que dizer de seus versos que traziam um vocábulo específico da medicina, ciência, filosofia e estudos religiosos? É sem dúvida uma das poéticas mais complexas de ser examinada, requerendo por parte do leitor um profundo conhecimento de diversas áreas. O início de sua apresentação, no poema Monólogo de uma sombra" deixa bem explícito que uma nova poesia estava emergindo, declarando um poeta muito à frente de seu tempo:

“Sou uma Sombra! Venho de outras eras,
Do cosmopolitismo das moneras...
Pólipo de recônditas reentrâncias,
Larva de caos telúrico, procedo
Da escuridão do cósmico segredo,
Da substância de todas as substâncias!

A simbiose das coisas me equilibra.
Em minha ignota mônada, ampla, vibra
A alma dos movimentos rotatórios...
E é de mim que decorrem, simultâneas,
A saúde das forças subterrâneas
E a morbidez dos seres ilusórios! [...]

Sua poesia foi incompreendida em sua época. Seu livro foi mal recebido pela crítica, considerada uma poética de mal gosto.  Ironicamente, como ocorre a muitos poetas, o verdadeiro reconhecimento só chegou postumamente. Ao passar do tempo e ainda hoje, sua obra é constantemente retomada em estudos literários pelo meio acadêmico, revelando diversas camadas de sua profunda obra.

Aqui no Blog faremos de tempos em tempos algumas análises de seus poemas mais expressivos, facilitando a interpretação e a leitura, sendo útil assim aos vestibulandos, acadêmicos e mesmo seus leitores casuais. Para o primeiro poema, estamos preparando a análise de Versos Íntimos. Até lá e boa leitura.

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